terça-feira, 23 de junho de 2009

Filmes baseados em livros


Muitos críticos de cinema e pessoas comuns são da opinião: adaptações cinematográficas de livros não costumam ser fiéis às obras literárias. Isto se deve ao fato dos livros serem mais extensos e detalhados, impossibilitando que os mesmos sejam retratados em filmes de 2 horas, ou no máximo 3 horas. Muitos filmes por isso, não conseguem captar o todo complexo de um livro, bem como suas mensagens.


Muitos são os exemplos de filmes baseados em livros: tem aqueles que viraram best-sellers como os livros de Harry Potter, cuja autora é a inglesa J. K. Rowling, levando um público grande às salas de cinema para assistirem a cada seqüência das histórias retratadas nos livros: Harry Potter e a Pedra Filosofal, Harry Potter e a Câmara Secreta, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, Harry Potter e o Cálice de Fogo, Harry Potter e a Ordem da Fênix, Harry Potter e o Enigma do Príncipe, e Harry Potter e as Relíquias da Morte. È surpreendente como filmes que tem seqüências às vezes supreendem para o bem ou para o mal, isto porque costumam dizer que o primeiro é sempre melhor que os posteriores.




Dan Brown é outro autor muito lido e que tem adaptações para o cinema de seus livros, com atuação principal de Tom Hanks em: O Código Da Vinci, e Anjos e Demônios.






Filmes baseados em livros e cujas seqüências foram muito bem feitas – exemplos: O Senhor dos Anéis – uma trilogia baseada na obra literária ficcional de J. R. R. Tolkien.


Ainda tem aqueles filmes clássicos que muitas vezes superam ou são equivalentes aos livros que serviram de inspiração, como por exemplo: O mágico de Oz (1939) - Musical baseado em livro infantil homônimo de L. Frank Baum; E o vento levou (1939) - Clássico dirigido por Victor Fleming e baseado em obra homônima de Margaret Mitchell; Casablanca (1942) - Dirigido por Michael Curtiz e baseado na obra de Murray Burnett e Joan Alison; Psicose (1960) - Filme de Hitchcock, baseado no livro de Robert Bloch; O Poderoso Chefão I (1972) – Clássico norte-americano dirigido por Francis Ford Coppola e baseado no romance homônimo de Mario Puzo; O exorcista (1973) - Filme de terror realizado por William Friedkin e inspirado no livro homônimo de William Petter Blatty; O silêncio dos inocentes (1991) - Filme de suspense realizado por Jonathan Demme com roteiro que se inspirou no livro homônimo de Thomas Harris, A lista de Schindler (1993) - Dirigido por Steven Spielberg e baseado no livro de Thomas Keneally; Clube da Luta (1999) - Dirigido por David Fincher, o filme é baseado no romance homônimo de Chuck Palahniuk.



O Stanley Kubrick é mestre em adaptar livros para o cinema, exemplo disso é o tão controverso e esplêndido Laranja Mecânica (1971) - Clockwork Orange, nome original do filme, foi dirigido por Stanley Kubrick e baseado em romance homônimo de Anthony Burgess; 2001: Uma odisséia no espaço (1968) - Um dos melhores filmes de ficção científica de todos os tempos, mostrando como a humanidade pode ser dominada pela máquina. Dirigido por Stanley Kubrick. Foi baseado em duas obras de Arthur C. Clarke. O iluminado (1980) - Baseado no livro homônimo de Stephen King, o filme de Stanley Kubrick é suspense puro com algumas mensagens subliminares, contando com a atuação brilhante de Jack Nicholson.



Para finalizar tem um gênero que é agradável especialmente para as mulheres: o Romance. E um dos filmes que mais me marcou pelas atuações, e por contar a história de uma forma dinâmica e poética baseada no romance dos protagonistas Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy, e por retratar tão bem os costumes da Inglaterra do século XVIII foi o filme “Orgulho e Preconceito”, baseado na obra literária de mesmo nome, cuja autora é a espetacular Jane Austen. Assistam ao trailer:






Depois das dicas dadas aqui, quem sabe não seria interessante ler o livro primeiro, e depois ver o filme, para assim você poder ter uma idéia mais aprofundada do conteúdo e poder fazer uma avaliação mais coerente, crítica e com subsídios sobre as adaptações cinematográficas.


Por Nathielle Hó, estudante do 5º período de Comunicação Social, do Centro Universitário Plínio Leite.


segunda-feira, 22 de junho de 2009

Por falar em cinema...

... a
Sétima Arte no Brasil começou mais cedo do que muita gente acredita. Pesquisas efetuadas por Adhemar Gonzaga e Peri Ribas datam de 1898 o primeiro filme brasileiro. A evolução mais significativa do cinema nacional se processa ao fim da década de vinte, com Humberto Mauro e seu famoso “ciclo de Cataguases”, constituído por Na Primavera da Vida (1926), O Tesouro Perdido (1927 - medalha de “melhor filme” nacional do ano, oferecida pela revista “Cinearte”, fundada pouco antes por Adhemar Gonzaga), Brasa Dormida (1928) e Sangue Mineiro (1929). O maior êxito de bilheteria do primeiro cinema sonoro brasileiro é uma produção de Adhemar Gonzaga, Bonequinha de Seda, dirigido por Oduvaldo Viana, em 1935.

O Cangaceiro, de Lima Barreto, foi tido como o mais importante até aquela época, como o primeiro filme brasileiro a obter êxito internacional, com “grande prêmio” em Cannes. Antes desse filme, Lima Barreto fizera dois curtas-metragens exemplares, Painel e Santuário (este também premiado no Festival Internacional de Veneza, em 1953).


Na chamada "nova geração": Nelsom Pereira dos Santos, Walter Hugo Kouri (Na Garganta do Diabo, premiado com o “melhor roteiro”, no Festival de Mar del Plata), Roberto Farias, Rubem Biáfora, Roberto Santos e Carlos Coimbra.


A partir de maio de 1962, quando O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, levantou a Palma de Ouro do Festival de Cannes, diversos filmes brasileiros projetaram-se no exterior, como O Assalto ao Trem Pagador, de Roberto Farias, Vidas Secas (extraído do romance de Graciliano Ramos), de Nelson Pereira dos Santos, Os Fusis de Rui Guerra e Deus e o diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha.



Por Nathália Rodrigues (Estudante do 5º período de Comunicação Social)





Um pouco de História: mas afinal, o que é cinema mesmo?


A palavra cinema é a abreviação de cinematógrafo, designando o complexo arte-indústria-comércio, constituído pela produção, difusão e repercussão de sua obra. A invenção da fotografia apenas preparou o caminho para que o cinema viesse a surgir da combinação do princípio da lanterna mágica. Inventado no fim do século XIX, o cinema era a princípio uma curiosidade científica, passando depois a espetáculo de feira e então ao plano dos negócios. Como arte, qualidade que só foi reconhecida na segunda década do século XX, o cinema é conhecido hoje como a Sétima Arte. Embora a mais nova, não há outra tão popular. Mas essa expansão se deve muito ao fato de ser o filme um produto industrial e negociável. De outro lado, o cinema tem aplicações importantes, como no campo da educação visual: nas escolas, nos centros de treinamento na ciência. Através da produção cinematográfica de um país, por exemplo, é possível fazer a análise de seus costumes e também do seu estilo de vida.



Até 1927, o cinema era mudo, mas não obrigatoriamente silencioso: havia sempre um piano ao lado da tela e, eventualmente, uma orquestra. Desde que Hollywood lançou The Jazz Singer , primeiro filme falado, o cinema não prescindiu mais da palavra. Por outro lado, enriqueceu-se tecnicamente de elementos como a cor, as telas largas e o som estereofônico.







Para os franceses, os inventores da chamada Sétima Arte, foram os irmãos Louis e Auguste Lumière, aos quais se deve a primeira exibição pública de “fotografia animada”, no dia 28 de dezembro de 1895, no Salon Indien do Café de Paris, subsolo, no Boulevard des Capucines, em Paris. Já para os americanos, a glória da invenção cabe a Edison, que, antes dos Lumière, produziu pequenos espetáculos em fita para o seu kinetoscope.








Este era um aparelho individual; porém, o cinematógrafo dos irmãos franceses tornava coletivo o espetáculo. Embora tenha sido possível projetar os filmes primitivos de Edison em tela normal de cinema, foram os Lumière os primeiros a apresentar um espetáculo como o cinema tem sido desde 1895.


Por Nathália Rodrigues

Laranja Mecânica e o Condicionamento Moral


Laranja Mecânica é um filme do aclamado diretor cinematográfico Stanley Kubrick, autor de obras memoráveis como: “2001 - Uma Odisséia no Espaço”, “O Iluminado”, “De Olhos bem Fechados”, “Lolita”, dentre outros. De todos esses filmes, o “Laranja Mecânica” se apresenta de forma diferencial por tratar da violência de uma maneira estarrecedora e chocante. O filme tem toda uma estética psicodélica e futurista, utilizando de música clássica, e de uma violência gritante para falar sobre os caminhos da moralidade.


Laranja Mecânica é um filme setentista, baseado na obra literária de mesmo nome, cujo autor é o Anthony Burgess. O filme retrata a história de vida do jovem Alex (Malcolm McDowell), um punk que anda com um grupo de delinqüentes - os “droogs”, fazendo arruaças e praticando atos violentos que vão desde espancamento de pessoas até o estupro.


Ao longo do filme Alex chega a ser preso, e passa por um tratamento desenvolvido pelo Estado – o "Tratamento Ludovico”. Este tratamento visa a transformação dele em um cidadão exemplar. Uma das cenas mais marcantes, aliás, remete a essa passagem: quando durante uma experiência, os cientistas utilizam o Alex como cobaia - colocam grampos em seus olhos para que ele não os possa fechar, o mantêm amarrado em uma cadeira em frente a um telão e começam a sessão de tortura psicológica – são transmitidas imagens ininterruptas de filmes violentos, e cenas do Nazismo no intuito de traumatizar e causar pavor e enjôos naquele que sempre cometeu tais atos. Mas o que deixou Alex mais aturdido foi quando, durante o tratamento utilizaram a Nona Sinfonia de Beethoven como música de fundo – ele alegava que o Ludwig Van Beethoven só era compositor e que não fazia mal a ninguém e que era horrível escutar sua adorável música presenciando atos violentos. Uma das grandes paixões de Alex, diga-se de passagem, além de praticar sexo e violência, era a música. Alex adorava Beethoven. Para finalizar, a expressão “Laranja Mecânica” refere-se ao produto final em que os médicos ambicionam transformar Alex - o intuito era que toda a sua identidade fosse espremida, até não sobrar mais nada além de um ser frágil, totalmente manipulável, sem condições de escolha. Ele a partir deste tratamento parece estar curado, mas no fim percebemos que ele volta ao seu estado rebelde.



Eis alguns trechos do filme:



Por Nathielle Hó, estudante do 5º período de Comunicação Social, do Centro Universitário Plínio Leite.




Curiosidades quanto ao significado do título “Laranja Mecânica”


O significado de “Laranja Mecânica” nas palavras do tradutor do livro, Nelson Dantas: A Clockwork Orange é uma expressão da gíria cockney, que denomina o desajustado agressivo e desequilibrado, que odeia as instituições e os seres e os agride, inclusive físicamente, mas por razões puramente psicológicas, sem nenhuma politização nem ideologia. Alex é exatamente isso.


Mas um significado relacionado ao livro Laranja Mecânica: ... O ser humano é dotado de vontade. E pode usá-la para escolher entre o bem e o mal. Se só pode fazer o bem, ou só pode fazer o mal, é uma laranja mecânica - significa que tem aparência de um organismo adorável, com cor e suco, mas que na realidade é um brinquedo mecânico para ser manipulado por Deus ou pelo Diabo (que o está substituindo cada vez mais) ou o todo-poderoso Estado. É tão inumano ser totalmente bom quanto totalmente mau. O importante é a escolha moral. O mal tem que existir junto com o bem, de modo que a escolha moral possa existir.




Favela on Blast


Favela On Blast retrata a cultura em torno do funk carioca. Mostra a realidade das favelas e do Baile funk que nasceu em meio a pobreza e violência existentes nestas localidades. Fala sobre o preconceito que os funkeiros sofrem e da sociedade que os crítica, mas toca o ritmo em suas festas.

O documetário, de Leandro HBL, tem a presença de nomes muito conhecidos dos funkeiros, como: os MC's Catra, Deise Tigrona, Colibri, Biruleibe, Pé de Pano, Gorila e Preto, Frank e os DJ's Cabide e Marlboro, entre outros nomes.



Por Nathália Figueiredo

Quase Dois Irmãos


Este filme começa na década de 70 em meio a ditadura militar. Presos políticos e assaltantes de banco dividiam a mesma galeria na Penitenciária da Ilha Grande, localizada na costa do Rio de Janeiro. Todos estavam submetidos à Lei de Segurança Nacional.

Deste encontro surge um dos motivos da elevada violência pela qual o Brasil passa hoje. Foi nesta época que surgiu um dos maiores grupo de traficantes do estado o Comando Vermelho.

Tendo como plano de fundo a vida política do Brasil nos últimos 50 anos e a música popular, "Quase Dois Irmão"s tem Miguel, que quando jovem era um preso político em Ilha grande e depois se tornou deputado federal e Jorginho, filho de sambista, preso por pequenos assaltos, se tornou um dos líderes do Comando Vermelho.

O primeiro encontro destes personagens foi nos anos 50, quando o pai de Miguel um aficionado por cultura negra, encontra o pai de Jorginho, um compositor de sambas. É assim que surge a amizade dos dois, que voltam a se encontrar na prisão. Na "Ilha Grande" as diferenças raciais eram vistas claramente, pois a maior parte dos prisioneiros brancos eram presos políticos, enquanto os negros por crimes comuns.

Mais tarde o conflito principal muda quando a filha de Miguel, uma adolescente de classe média alta, fascinada com o morro e frequentadora dos bailes funk que ocorrem nas comunidades carioca, se envolve com um jovem traficante.

Por Nathália Figueiredo

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Cinéfilos

Este documentário foi totalmente produzido pelos estudantes do 5° Período de Comunicação Social da UNIPLI, também responsáveis por este blog.
Um documentário sobre cineclube, cinema e o amor pelos filmes.

Curta Petrobrás às 6


O projeto que se encontra na 6ª edição, exibe diariamente curtas-metragens. As sessões são gratuitas e sempre às seis da tarde. Proporcionando ao público o acesso a uma produção que normalmente só teria espaço de exibição em festivais de cinema.

O espectador é apresentado ao trabalho de cineastas iniciantes e consagrados. Em média, a cada edição são exibidos 90 títulos, agrupados em programas temáticos. Eles permanecem em cartaz durante 26 dias.

O Projeto patrocinado pela Petrobrás, passou a receber a partir da quarta edição (abril de 2002) o apoio da ABD e da Abraplex para sua exibição.

Em Niterói o Curta Petrobrás é exibido no Cinemark do Plaza Shopping.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

The Edukators

The Edukators – O filme pega linha adolescentes mais uma vez para discutir ideais políticos. Três amigos inseparáveis, Jan, Peter e Jule, onde os rapazes dividem o mesmo apartamento e também uma militância política bastante original; acreditando que o principal e indispensável é assumir uma posição para mudar o mundo.

Os adolescentes fazem suas próprias regras e clandestinamente protestos isolados, pois entram em mansões vazias e mudam e espalham os pertences ali presentes. Com parte do objetivo cumprido, outra parte seria levada em conta, como as mensagens de alerta/ protesto deixados no local “Seus dias de abundancia estão contados” e “você tem mais dinheiro do que deveria ter”.

A invasão como protesto acaba tomando proporção de um protesto intimidador, ou seja, uma forma de atingir o sentimento de segurança do “burguês”. A ideia central do filme traz a indagação do que nossa geração fez ou ainda pode fazer para mudar o mundo. O filme tenta transparecer que ainda há idealismo entre uma geração e que apesar da idéia capitalista esmagar uma grande maioria, há aqueles que agem para mudar. E que o conflito de gerações propõe a questão se “o tempo esfria os anseios revolucionários?” Os conflitos guiados dentro do filme sugerem que os jovens de classe média tenham muito a fazer para mudar o mundo.


Elaine Almeida

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Estamos no Blogblogs

BlogBlogs.Com.Br

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Curta os curtas



O formato curta-metragem existe desde o início do século passado, mas, foi a partir dos anos 80 que as Mostras de Cinema no Brasil passaram a dar destaque para esse formato cinematográfico. O termo “curta-metragem” surgiu nos Estados Unidos por volta de 1910, quando os filmes passaram a ter maior duração, sendo necessário inseri-los em diferentes categorias: curta, média -metragem (acima de 30 minutos), e longa-metragem (acima de 70 minutos). Apesar da Agência Nacional do Cinema (ANCINE), classificar oficialmente como curta metragem os filmes com duração inferior a 15 minutos, em alguns lugares, filmes com menos de 30 minutos também são considerados curtas-metragens.

Diferente do que acontece com os outros tipos de produções, os curtas-metragens se popularizaram com o gênero de animação. Também utilizam o formato de curta-metragem para os live-action. Além disso, o formato é bastante utilizado na produção de documentários e principalmente em filmagens universitárias e filmes de pesquisa experimental.

Alguns curtas que achei interessantes citar são do Jorge Furtado:

O Dia em que Dorival Encarou a Guarda
A obra é uma adaptação do oitavo episódio do livro "O Amor de Pedro por João", de Tabajara Ruas. Em uma prisão militar, o detento Dorival tenta convencer os guardas a permitir que ele tome um banho. Mas o preso esbarra na negativa dos guardas, embora estes não consigam justificar para Dorival a razão que o impede de tomar o banho. Eis um trecho:




Temporal
Numa mesma casa, na mesma noite, reúnem-se dois grupos. Um formado por senhores muito sérios, integrantes de uma ordem religiosa. O outro, um bando de malucos em fantasias de animais, numa festa com sexo e rock'n'roll. Quando começa o temporal e a luz apaga, tudo pode acontecer. Eis um trecho:



A Matadeira
O filme conta o massacre de Canudos a partir de um canhão inglês, apelidado pelos sertanejos de a matadeira, que foi transportado por vinte juntas de boi através do sertão para disparar um único tiro.

Por Nathielle Hó, estudante do 5º período de Comunicação Social, do Centro Universitário Plínio Leite.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Os Sonhadores


Os sonhadores - O filme de Bertolucci é uma representação e também reflexão em um mundo adolescente misturado com ares de criança. Os irmãos Isabelle e Theo se encontram sozinhos em Paris em um período em que seus pais saem de férias e convidam um jovem americano, Matthew, para fazer-lhes companhia. Dentro do apartamento, os jovens criam suas próprias regras e desfrutam/ e as obedecem entre si. Fora do núcleo em que as regras seguem os ideais dos adolescentes, segue o cenário da política francesa de 1968, quando muitos outros jovens faziam seus ideais virarem protestos nas ruas de Paris com a Revolução Estudantil.

De volta ao mundo fechado, entre paredes, os três jovens se testam para ver o quanto cada um pode suportar as regras estabelecidas por eles próprios. Das regras o que chama atenção é o tema central “o próprio cinema”; os jovens fazem encenações e a regra do jogo era descobrir “qual é o filme?”. E também a paixão humana, discussões intelectuais e a política faziam parte das adivinhações do jogo, onde as regras deixam-os viver diferentes emoções e deixa o pensamento sexual tomar conta e passa por cima da criança que cada um ainda tem. O que parece um tipo de pornografia juvenil indica a descoberta, a reflexão, a idéia de regras, coloca o conhecimento e experiência lado a lado; a idéia de mostrar os desejos e aspirações humanas mistura (também) paixão pelo ideal político, pelos filmes (cinema) e a paixão que provém da sexualidade.

A maneira chocante com que Bertolucci aborda o conhecimento das novas experiências e também a convivência dos irmãos deixa claro a idéia de metades complementares de Isabelle e Theo.

De um modo geral, o filme traz não só a Revolução Estudantil, retrospectiva de filmes clássicos, pornografia sem sentido e sim os desejos da alma rebuscados com um toque especial que o cinema traz.

Elaine Almeida

quarta-feira, 20 de maio de 2009

ILHA DAS FLORES OU ILHA DAS "DORES"




Você é "um animal mamífero, bípede, que se distinguem dos outros mamíferos ... ou bípedes... principalmente por duas características: o telencéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor"? Então você é um (a) humano (a). Essa é uma das frases, repetida várias vezes, que compõe o roteiro do documentário “Ilha das Flores”: um tomate é plantado, colhido, vendido e termina no lixo da Ilha das Flores, entre porcos, mulheres e crianças. Tal roteiro foi escrito e dirigido pelo cineasta Jorge Furtado e narra um ácido e divertido retrato da mecânica da sociedade de consumo. Produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegre, o documentário tem a duração de 13 minutos. Possui uma linguagem quase científica e mostra como a economia gera relações desiguais entre os seres humanos, que na Ilha das “Dores”, quer dizer, das “Flores”, são menos importantes que os porcos.

Com música do filme "O Guarani”, o documentário acompanha a trajetória de um simples tomate, desde sua plantação até ser jogado no lixo. Tal tomate acaba num lugar chamado “Ilha das Flores”, povoada por animais, lixo, mulheres e crianças. Estas duas últimas "classes" não têm donos; as duas primeiras, têm! Sendo assim, fica óbvia a diferença que existe entre tomates, porcos e seres humanos. O curta escancara o processo de geração de riqueza e as desigualdades que surgem no meio do caminho. Além de desencadear informações relevantes no seu decorrer (uma informação levando à outra e assim sucessivamente), o curta-metragem coloca a questão da “liberdade aprisionada”, ou seja, ao mesmo tempo que se é livre se é preso, pois mulheres e crianças tem apenas 300 segundos para conseguir pegar alimentos que nem para os porcos serviram. Quer dor pior que isso? Se alimentar da sobra (lixo) que nem os animais quadrúpedes irão comer?

Dentre os prêmios recebidos destacam-se o Urso de Prata no Festival de Berlim (1990) ; Prêmio Crítica e Público no Festival de Clermont-Ferrand, na França (1991) ; Melhor Curta, Melhor Edição, Melhor Roteiro e Prêmio da Crítica no Festival de Gramado (1989).




Por Nathália Rodrigues

terça-feira, 19 de maio de 2009

Documentário “Janela da Alma”: O olhar sob várias perspectivas



À primeira vista o documentário de João Jardim e Walter Carvalho aparenta ser um filme sobre o ato de ver, e como algumas pessoas que possuem limitações físicas visuais o encara. Porém, o próprio título do documentário deixa transparecer que é muito mais que isso. O documentário não se limita a tratar da visão ou da falta e escassez dela a partir de uma perspectiva pessimista ou limitada. O documentário vai além, ressaltando a questão do olhar como intermediador entre o subjetivo e o real - podemos escolher a forma de como olhar para o real ou quando não temos essa escolha, a própria limitação irá criar outras estratégias de construção do real. O filme de Jardim e Carvalho, investiga sobre o tema “visão”, através de diversas vertentes, sejam elas de cunho artístico, filosófico, poético, científico ou social. O intuito desse documentário é fornecer múltiplas interpretações do discurso imagético.


O primeiro depoimento apresentado é o de Hermeto Pascoal, músico multinstrumentista, que não consegue fixar os olhos em um único objeto. Suas pupilas se mexem ininterruptamente em diferentes direções, o que o faz descrever com bom humor, que sua vista é rica, porque enxerga mais. Hermeto Pascoal revela que quando tinha 30 anos, chegou a querer ser cego temporariamente, para que assim pudesse melhor desenvolver sua percepção musical. O músico diz que a visão não se dá fisicamente, com os olhos. Ao contrário, a visão verdadeira seria a visão interior. A questão da imaginação, uma outra leitura para essa questão da visão interior, exposta por Hermeto Pascoal, também é abordada no filme. A imaginação como alimentador da criação artística. Para o poeta Manoel de Barros, “a transfiguração é a coisa mais importante para o artista”. Manoel de Barros diz isso explicando que o modo como enxerga fisicamente o mundo não influencia seu trabalho, mas sim o seu olhar interior.


Outros depoimentos ao longo do documentário também marcam muito, como é o caso do fotógrafo cego esloveno Evgen Bavcar que conseguia através de suas fotografias, obter imagens do objeto focado. Qualquer pessoa se perguntaria como um fotógrafo cego consegue enquadrar uma fotografia? O documentário não responde a essa pergunta e nem mesmo o Evgen, mas o documentário mostra o fotógrafo em ação, fazendo fotografias e medindo com as mãos o foco, tateando o espaço entre a câmera e a modelo. Certa vez ele também fotografou a sobrinha Verônica num campo e foi guiado pelo som do sininho que ela carregava para tal ação. E é como ele diz: “Na verdade fotografei o sininho, mas este não pode ser visto. Trata-se então de uma fotografia do invisível”. O fotógrafo cego trabalha com a "desnaturalização" do discurso imagético, com o olhar inorgânico, ou seja, ele trabalha com a fotografia que não apresenta referencial, necessitando de uma construção de significado. As fotografias dele são interessantes por isso, pois não são prontas. Evgen também questiona a perda da capacidade de saber olhar que vem acometendo às gerações atuais. E esse olhar não é o físico, mas aquele que o escritor José Saramago, autor do livro Ensaio sobre a Cegueira, explicitou na sua fala. Saramago fala de como surgiu a idéia de escrever Ensaio sobre a Cegueira: ele se questionou como seria o mundo se todos fôssemos cegos. De acordo com sua reflexão, a resposta é que já somos, tendo em vista a total desordem que assola os países, o desafeto entre as pessoas, a miséria etc. O livro de Saramago ainda serviu como base para a contrução do roteiro do filme "Ensaio sobre a cegueira" de 2008, que mostra a proliferação de uma epidemia de cegueira numa cidade moderna, resultando no colapso da sociedade. Assistam ao trailer do filme:



Outro depoimento que me impressionou foi o da cineasta Marjut Rimminen, que tem um trauma relacionado à forma como ela achava que a mãe a olhava pelo seu estrabismo. “Many Happy Returns”, filme com estética de animação, dirigido por ela e que trata de deformidade, de certa forma espelha o trauma a pouco relatado. Segundo Marjut, o que a inspirou a fazer tal filme foi a questão da pressão psicológica atribuída à menina deformada (personagem principal), pelo fato dela ter que ver e testemunhar fatos difíceis e traumatizantes. Marjut hoje em dia, depois de uma cirurgia corretiva nos olhos e depois de constatar que ninguém percebeu a diferença nela, chegou a conclusão de que a lesão que ela tinha era interna e tinha mais a ver com uma realidade construída por ela, do que com a visão que os outros tinham dela.

Um trecho do filme Many Happy Returns:




Para intercalar entrevistas ou mesmo para explicitar um sentimento, a fotografia de Walter Carvalho busca imagens que (re)pensam o ato de ver. Esse é o sentido do primeiro plano do filme, quando saindo da tela preta, surgem imagens desfocadas de uma fogueira sendo alimentada em meio à escuridão remetendo ao mito da caverna, de Platão – é como se vivêssemos num mundo de ilusão, e por isso mesmo necessitamos da luz da verdade para nossa libertação desse mundo. Em seguida, a segunda dessas imagens incorporadas ao filme é um plano em super detalhe da pele de uma mulher. A proximidade da lente é tal que o corpo torna-se quase algo abstrato, sendo reconhecido apenas após alguns segundos.


mostra o fotógrafo em ação, fazendo fotografias e medindo com as mãos o foco, tateando o espaço entre a câmera e a modeAo longo do documentário são transmitidas também, imagens desfocadas à semelhança de olhos míopes que buscam captar a sua própria realidade. É o caminho percorrido no plano da expressão para a “desnaturalização” da imagem, caminhando para a pura abstração na seqüência das luzes noturnas das grandes cidades desfocadas.


As últimas cenas são de um parto natural sendo filmado sem cortes. No fim, vê-se o recém-nascido abrindo os olhos e ali temos o primeiro contato visual da criança com o mundo. Com essa imagem da criança abrindo os olhos pela primeira vez, o documentário está reiniciando toda a discussão. E é esse ver (ou não ver) que norteou toda a problemática de Janela da Alma.


Para finalizar, é como o poeta Antônio Cícero ressalta ao problematizar a expressão que dá o título do filme, cunhada pelo pintor renascentista Leonardo da Vinci: “o olho é a janela da alma, o espelho do mundo”. Para Cícero, o problema em questão é que se o olho é a janela da alma, há aí a necessidade de um outro olho para ver essa janela (que também é janela). E aí é necessário mais um olho e assim sucessivamente, até o infinito. E é com essa bela interpretação que encerro a minha análise sobre esse documentário que é pura poesia e lirismo. Eis um trecho deste esplêndido documentário:





Por Nathielle Hó, estudante do 5º período de Comunicação Social, do Centro Universitário Plínio Leite.

 
Blogger design by suckmylolly.com