quarta-feira, 20 de maio de 2009

ILHA DAS FLORES OU ILHA DAS "DORES"




Você é "um animal mamífero, bípede, que se distinguem dos outros mamíferos ... ou bípedes... principalmente por duas características: o telencéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor"? Então você é um (a) humano (a). Essa é uma das frases, repetida várias vezes, que compõe o roteiro do documentário “Ilha das Flores”: um tomate é plantado, colhido, vendido e termina no lixo da Ilha das Flores, entre porcos, mulheres e crianças. Tal roteiro foi escrito e dirigido pelo cineasta Jorge Furtado e narra um ácido e divertido retrato da mecânica da sociedade de consumo. Produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegre, o documentário tem a duração de 13 minutos. Possui uma linguagem quase científica e mostra como a economia gera relações desiguais entre os seres humanos, que na Ilha das “Dores”, quer dizer, das “Flores”, são menos importantes que os porcos.

Com música do filme "O Guarani”, o documentário acompanha a trajetória de um simples tomate, desde sua plantação até ser jogado no lixo. Tal tomate acaba num lugar chamado “Ilha das Flores”, povoada por animais, lixo, mulheres e crianças. Estas duas últimas "classes" não têm donos; as duas primeiras, têm! Sendo assim, fica óbvia a diferença que existe entre tomates, porcos e seres humanos. O curta escancara o processo de geração de riqueza e as desigualdades que surgem no meio do caminho. Além de desencadear informações relevantes no seu decorrer (uma informação levando à outra e assim sucessivamente), o curta-metragem coloca a questão da “liberdade aprisionada”, ou seja, ao mesmo tempo que se é livre se é preso, pois mulheres e crianças tem apenas 300 segundos para conseguir pegar alimentos que nem para os porcos serviram. Quer dor pior que isso? Se alimentar da sobra (lixo) que nem os animais quadrúpedes irão comer?

Dentre os prêmios recebidos destacam-se o Urso de Prata no Festival de Berlim (1990) ; Prêmio Crítica e Público no Festival de Clermont-Ferrand, na França (1991) ; Melhor Curta, Melhor Edição, Melhor Roteiro e Prêmio da Crítica no Festival de Gramado (1989).




Por Nathália Rodrigues

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